«Quase todos os estudantes que têm metas muito altas recorrem a vitaminas para ter maior concentração», disse à agência Lusa Joana, que admitiu já ter tomado vitaminas para estudar.
A aluna do 12º ano que está com os «nervos em franja» com os exames nacionais que vai realizar explicou que «as vitaminas permitem não ir abaixo e dão energia para estudar».
Miguel, também aluno do 12º ano, diz que nunca tomou medicamentos para conseguir maior concentração, mas conhece colegas que o fazem para poder estar «mais horas a estudar».
«Eles dizem que tomam vitaminas porque ajudam a concentrar. Eu não tenho necessidade disso, mas admito que alguns colegas possam ter mais dificuldades e se sintam melhor», contou.
Apesar dos colegas dizerem que «funciona», Miguel considera que «é mais psicológico».
A toma livre deste tipo de medicamentos suscita alguma preocupação de médicos e de pais, que têm receio de consequências para a saúde dos jovens, que dão tudo na época de exames para obter bons resultados.
«O que mais me preocupa é a pressão a que os adolescentes estão sujeitos. Às vezes andam muito agitados - o que não é nada de mais - e recorrem de uma forma pouco razoável, sensata e com muita ligeireza a uma medicação», disse à Lusa o psicólogo Eduardo Sá.
Segundo o psicólogo, esta medicação com efeito estimulante muitas vezes é prescrita pelos médicos de família de «uma forma um bocadinho precipitada» ou então são «os próprios pais e adolescentes que acabam por recorrer a ela vezes de mais».
Eduardo Sá alerta que «alguns tipos de estimulantes que podem dar resultado no imediato, a curto prazo se revertem contra quem os toma» e os jovens têm de estar informados sobre isso.
«Não havendo um controlo anti-doping para os estudantes é bom que haja percepção que a forma mais fácil e imediata de obter resultados não é saudável», frisou o psicólogo, sublinhando que os jovens «vão fazer centenas de exames ao longo da vida e têm de estar preparados para eles».
A preocupação de Eduardo Sá é partilhada pela presidente da comissão instaladora da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Maria José Viseu, que avisa para o facto destes medicamentos serem de venda livre e não passarem por um acompanhamento médico.
«Constato com alguns pais que há estudantes que tomam vitaminas de venda livre para estimular a capacidade de memorização e de raciocínio», adiantou a responsável, que manifesta algumas dúvidas sobre os eventuais riscos que podem acarretar para a saúde dos jovens.
Mas as vitaminas não são tomadas apenas na altura dos exames, mas também nas épocas de «maior pressão», como na penúltima semana antes do final dos períodos escolares, explicou.
Para a presidente da CNIPE, o grande problema reside no facto se serem de venda livre e estarem «à disposição de qualquer um, não passando por um acompanhamento médico que deveria existir, até na própria escola».
Apesar da maioria das escolas do ensino secundário terem psicólogo, estes não têm capacidade de resposta para todos os alunos. Além disso, justificou, «os jovens que tomam estimulantes são bons alunos que querem estimular mais as suas capacidades e não recorrem ao gabinete de psicologia».
Também as quantidades que os estudantes tomam constituem uma «grande preocupação» para a CNIPE: «Não sei até que ponto estes estimulantes poderão eventualmente criar habituação».
«Começa a haver muitos jovens com problemas de cansaço que podem dever-se a toda a pressão a que estão sujeitos, mas também ao facto de tomarem medicamentos e não fazerem os descansos necessários, uma vez que estes reduzem o sono», acrescentou.
O presidente da Confederação Nacional de Associação de Pais (CONFAP), Albino Almeida, lembrou que os estudantes sempre procuraram estratégias para estudar e obter os melhores resultados.
«Como estudante que fui e pai que sou, lembro-me que, em todos os tempos, quando alguém é submetido a uma prova que é decisiva para o seu futuro e para o seu projecto de vida tem tendência a deitar mão de tudo aquilo que possa significar melhoria das condições de desempenho», afirmou.
«Desde uma alimentação mais cuidada, ao abuso da cafeína, aos pés metidos em água para não dar sono não me parece que haja nada de novo», comentou o responsável.
Albino Almeida salientou que «o que há de novo é o aproveitamento de alguma indústria farmacêutica que anuncia produtos que farão um milagre de conseguir em 15 dias aquilo que eventualmente uma escola ou um aluno não tenha conseguido em um ou três anos».
«É o sinal dos tempos mas a regra é a mesma. Quando a aflição é grande temos tendência para encontrar várias formas para superar o desafio».
«A aflição aguça o engenho», concluiu.
A aluna do 12º ano que está com os «nervos em franja» com os exames nacionais que vai realizar explicou que «as vitaminas permitem não ir abaixo e dão energia para estudar».
Miguel, também aluno do 12º ano, diz que nunca tomou medicamentos para conseguir maior concentração, mas conhece colegas que o fazem para poder estar «mais horas a estudar».
«Eles dizem que tomam vitaminas porque ajudam a concentrar. Eu não tenho necessidade disso, mas admito que alguns colegas possam ter mais dificuldades e se sintam melhor», contou.
Apesar dos colegas dizerem que «funciona», Miguel considera que «é mais psicológico».
A toma livre deste tipo de medicamentos suscita alguma preocupação de médicos e de pais, que têm receio de consequências para a saúde dos jovens, que dão tudo na época de exames para obter bons resultados.
«O que mais me preocupa é a pressão a que os adolescentes estão sujeitos. Às vezes andam muito agitados - o que não é nada de mais - e recorrem de uma forma pouco razoável, sensata e com muita ligeireza a uma medicação», disse à Lusa o psicólogo Eduardo Sá.
Segundo o psicólogo, esta medicação com efeito estimulante muitas vezes é prescrita pelos médicos de família de «uma forma um bocadinho precipitada» ou então são «os próprios pais e adolescentes que acabam por recorrer a ela vezes de mais».
Eduardo Sá alerta que «alguns tipos de estimulantes que podem dar resultado no imediato, a curto prazo se revertem contra quem os toma» e os jovens têm de estar informados sobre isso.
«Não havendo um controlo anti-doping para os estudantes é bom que haja percepção que a forma mais fácil e imediata de obter resultados não é saudável», frisou o psicólogo, sublinhando que os jovens «vão fazer centenas de exames ao longo da vida e têm de estar preparados para eles».
A preocupação de Eduardo Sá é partilhada pela presidente da comissão instaladora da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Maria José Viseu, que avisa para o facto destes medicamentos serem de venda livre e não passarem por um acompanhamento médico.
«Constato com alguns pais que há estudantes que tomam vitaminas de venda livre para estimular a capacidade de memorização e de raciocínio», adiantou a responsável, que manifesta algumas dúvidas sobre os eventuais riscos que podem acarretar para a saúde dos jovens.
Mas as vitaminas não são tomadas apenas na altura dos exames, mas também nas épocas de «maior pressão», como na penúltima semana antes do final dos períodos escolares, explicou.
Para a presidente da CNIPE, o grande problema reside no facto se serem de venda livre e estarem «à disposição de qualquer um, não passando por um acompanhamento médico que deveria existir, até na própria escola».
Apesar da maioria das escolas do ensino secundário terem psicólogo, estes não têm capacidade de resposta para todos os alunos. Além disso, justificou, «os jovens que tomam estimulantes são bons alunos que querem estimular mais as suas capacidades e não recorrem ao gabinete de psicologia».
Também as quantidades que os estudantes tomam constituem uma «grande preocupação» para a CNIPE: «Não sei até que ponto estes estimulantes poderão eventualmente criar habituação».
«Começa a haver muitos jovens com problemas de cansaço que podem dever-se a toda a pressão a que estão sujeitos, mas também ao facto de tomarem medicamentos e não fazerem os descansos necessários, uma vez que estes reduzem o sono», acrescentou.
O presidente da Confederação Nacional de Associação de Pais (CONFAP), Albino Almeida, lembrou que os estudantes sempre procuraram estratégias para estudar e obter os melhores resultados.
«Como estudante que fui e pai que sou, lembro-me que, em todos os tempos, quando alguém é submetido a uma prova que é decisiva para o seu futuro e para o seu projecto de vida tem tendência a deitar mão de tudo aquilo que possa significar melhoria das condições de desempenho», afirmou.
«Desde uma alimentação mais cuidada, ao abuso da cafeína, aos pés metidos em água para não dar sono não me parece que haja nada de novo», comentou o responsável.
Albino Almeida salientou que «o que há de novo é o aproveitamento de alguma indústria farmacêutica que anuncia produtos que farão um milagre de conseguir em 15 dias aquilo que eventualmente uma escola ou um aluno não tenha conseguido em um ou três anos».
«É o sinal dos tempos mas a regra é a mesma. Quando a aflição é grande temos tendência para encontrar várias formas para superar o desafio».
«A aflição aguça o engenho», concluiu.
Fonte: Lusa / SOL
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