quinta-feira, novembro 20, 2008

Secretário de Estado equipara os professores a ratos numa reunião de professores socialistas


Jorge Pedreira equipara os professores a ratos numa reunião de professores socialistas!


Explicando porque não pode ceder o ministério às exigências dos professores:

«Quando se dá uma bolacha a um rato ele a seguir quer um copo de leite!»

Nos últimos dias recebi SMSs de diversos colegas alertando para a presença do Jorge Pedreira, secretário de estado da educação, numa palestra a realizar em Setúbal, no dia 16 de Novembro às 17h. A palestra era subordinado ao tema "Política de Educação", foi promovida pela distrital do PS mas era aberto a não-militantes.Eu lá apareci, pensando que ia encontrar vários colegas da nossa escola, mas fui o único. No auditório da Estalagem do Sado, estávamos oitenta pessoas, o que corresponde a cerca de metade dos lugares. Esperava ver lá mais gente. Quase todos os presentes eram militantes do PS e percebi mais tarde,pelas intervenções, que cerca de metade dos presentes eram, também, professores. Eu, que sou apartidário e feroz crítico de quase tudo o que seja políticos e seus comportamentos, e nada habituado a estas lides, ali fiquei sentado ao lado de um colega de outra escola, na última fila.Na mesa estava o secretário de estado, ladeado pelo ex-deputado, actual presidente da distrital do PS (e também pintor) Vítor Ramalho, e por um indivíduo que nunca falou e que desconheço. Na plateia reconheci de imediato o Humberto Daniel, ex-presidente da junta de freguesia de S. Sebastião, e o Paulo Pedroso, deputado do PS.A palestra foi um misto de operação de charme e de apalpar o pulso aos militantes sobre o assunto em causa.O secretário de estado falou durante 50m, ininterruptamente e sem recurso a qualquer tópico escrito. Trazia, natural e obviamente, a lição mais do que sabida. Disse essencialmente disparates, mentiras e até ofendeu os professores. Aquelas coisas que estamos fartos de ouvir: os professores trabalham poucas horas, nunca foram avaliados, não querem ser avaliados, os sindicatos assinaram e agora não cumprem com o que assinaram, os professores eram uns privilegiados porque progrediam automaticamente nas carreiras, o excessivo abandono escolar, a falta de hierarquias, o premiar do mérito, etc., etc., etc.Depois houve inscrições para expor opiniões. 27 pessoas se inscreveram, entre as quais eu, que falei mais ou menos a meio. Pensei que a generalidade dos militantes aproveitasse a ocasião para tecer elogios às virtudes do ECD e do seu modelo de avaliação, mas não foi isso que aconteceu. Começou por falar o militante Chocolate Contradanças (é esse o seu nome) que foi professor e se disse desgostoso por ver o estado de desmotivação em que a sua mulher está, ela ainda professora, e referiu que o PS iria perder a maioria absoluta devido a esta ME; foi aplaudido. O Humberto Daniel teve uma intervenção bombástica ao começar por dizer que "por muito menos o Correia e Campos foi para a rua"; foi aplaudido. Outros militantes se seguiram. O Paulo Pedroso teceu críticas ferozes, também preocupado com os resultados eleitorais. Disse "a Escola está agora pior" e, referindo-se a uma passagem do discurso do secretário de estado em que este dizia que os últimos dez anos foram uma barafunda (não me lembro se a palavra foi esta ou outra idêntica) nas escolas, Pedroso lembrou que "o PS esteve 7 desses 10 anos no governo"; foi muito aplaudido. Seguiram-se outras intervenções, de professores, alguns membros de conselhos executivos, ex-professores e militantes do PS, cada uma apontando aspectos diferentes das fraquezas deste modelo de avaliação, raramente seapontando virtudes.Chegou a minha vez e quis partir mais alguma loiça, pois estava revoltado sobretudo com uma frase dita pelo secretário de estado e que não havia sido ainda comentada por ninguém. No final do seu discurso ele havia dito, referindo-se às negociações com os sindicatos, que não estava na disposição de ceder nem de renegociar. Coroou o seu raciocínio com o provérbio chinês "Quando se dá uma bolacha a um rato, a seguir ele quer um copo de leite." Assim, sem tirar nem pôr! Depois de me apresentar, esclareci que sabia o que era uma metáfora mas que não podia ficar indiferente à contextualização dada àquele provérbio, onde os professores eram comparados aos ratos, e salientei:– Um professor pode até aceitar uma bolacha e pode até beber um copo de leite, mas também sabe desmontar uma ratoeira;Tensão na sala, com muitos olhos em cima de mim, de pé, com o microfone na mão. Mas não fraquejei eachei que devia ser ainda mais contundente. Depois de referir as fraquezas deste modelo, a má-fé e as reais intenções que estão por trás dele disse:– Isto é uma palhaçada!Continuei dizendo que o ME está sempre a passar à opinião pública que os professores trabalham poucas horas e que têm muito tempo de férias. Lembrei que:– Em relação às horas, não sei como chegam a essa conclusão, pois eu nunca trabalho menos de 40h por semana, e é frequente trabalhar bem mais. Quanto às férias e às paragens, como nos podem atirar isso à cara se nos limitamos a cumprir o calendário estipulado pelo ministério? Até parece que os professores andam a roubar alguma coisa a alguém.Sabia que estava a pisar terrenos argilosos, mas arrisquei de novo:– Isto é uma palhaçada!Às tantas o Vítor Ramalho interveio e disse que não podia admitir esta linguagem, que se tratava de um encontro de militantes do PS onde as pessoas se respeitavam. Eu, que vejo na generalidade dos políticos pessoas que são tudo menos sérias, estive-me nas tintas para os seus pruridos. Perguntei-lhe se os não-militantes não podiam intervir. Ele disse que sim. Perguntei-lhe se me deixava continuar e concluir a minha opinião. Disse de novo que sim, e eu continuei. Para concluir lembrei-me de uma série de ataques que o secretário de estado fez aos professores e às suas formações. A esses ataques respondi:– Todos os professores têm formação média, superior ou equiparada, alguns têm mestrado, outros têm doutoramento. Fizeram profissionalização dentro dos moldes estipulados superiormente. Fazem acções de formação e actualização com regularidade. Como nos podem atirar também isso à cara? Lembro que mais de 90% dos professores têm habilitações académicas superiores às do primeiro-ministro.– Aí é que foram elas! Não se podia falar mal do ai-jesus de todos eles, ali. Pateadas da mesa e de muitos dos presentes na plateia. Ainda perguntei, por duas vezes:– Estou a dizer alguma mentira?Ninguém me disse que não. Sentei-me; ninguém bateu palmas. Ouvi atentamente as intervenções seguintes.Um psicólogo referiu que a ministra tem, à partida, qualquer coisa contra os professores, e que isso é notório nas suas intervenções. O último a falar foi um colega que referiu conhecer como funcionam as coisas noutros países da Europa, onde esteve várias vezes em trabalho, e de não saber de nenhum onde os professores sejam divididos em duas carreiras. Questionava ele a que país, afinal, tinha ido o ME inspirar-se.Para terminar, foi dada a palavra ao secretário de estado, que voltou a falar das virtudes deste modelo de avaliação e da importância de o levar à prática. Foi um discurso circular, onde muito pouco se reflectiram as preocupações colocadas pela plateia.Foi assim a minha aventura de quatro horas numa palestra promovida pelo partido que suporta o governo que está a destruir o ensino público no nosso país.


domingo, novembro 16, 2008

Avaliação do Desempenho Docente (Um resumo)

Para os professores da RAM, que ainda não passaram pelo pesadelo desta avaliação, cá fica uma súmula do calvário.


Apresentação do decreto que regulamenta a avaliação (sintese):

Todo o processo termina com o preenchimento das seguintes fichas:

FICHAS E REGRAS PARA APLICAÇÃO DAS PONDERAÇÕES E DOS PARÂMETROS CLASSIFICATIVOS

Docentes da Educação Pré - Escolar
Anexo I - AUTO-AVALIAÇÃO
Anexo II - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO COORDENADOR
Anexo III - DOCENTE COM FUNÇÕES DE AVALIADOR - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO COORDENADOR
Anexo XII - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO PRESIDENTE DO CONSELHO EXECUTIVO
Anexo XV - AVALIAÇÃO GLOBAL DO DESEMPENHO
Anexo XVI - REGRAS PARA APLICAÇÃO DAS PONDERAÇÕES E DOS PARÂMETROS CLASSIFICATIVOS
Docentes do 1º Ciclo Ensino Básico
Anexo IV - AUTO-AVALIAÇÃO
Anexo V - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO COORDENADOR DE DEPARTAMENTO
Anexo VI - DOCENTE COM FUNÇÕES DE AVALIADOR - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO COORDENADOR DE DEPARTAMENTO
Anexo XIII - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO PRESIDENTE DO CONSELHO EXECUTIVO
Anexo XV - AVALIAÇÃO GLOBAL DO DESEMPENHO
Anexo XVI - REGRAS PARA APLICAÇÃO DAS PONDERAÇÕES E DOS PARÂMETROS CLASSIFICATIVOS
Docentes dos 2º e 3º Ciclos do Ensino Secundário
Anexo IV - AUTO-AVALIAÇÃO
Anexo VII - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO COORDENADOR DE DEPARTAMENTO
Anexo VIII - DOCENTE COM FUNÇÕES DE AVALIADOR - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO COORDENADOR DE DEPARTAMENTO
Anexo XIII - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO PRESIDENTE DO CONSELHO EXECUTIVO
Anexo XIV - COORDENADOR DO CONSELHO DE DOCENTES OU DO DEPARTAMENTO CURRICULAR - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO PRESIDENTE DO CONSELHO EXECUTIVO
Anexo XV - AVALIAÇÃO GLOBAL DO DESEMPENHO
Anexo XVI - REGRAS PARA APLICAÇÃO DAS PONDERAÇÕES E DOS PARÂMETROS CLASSIFICATIVOS
Docentes dos grupos de Educação Especial
Anexo IX - AUTO-AVALIAÇÃO
Anexo X - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO COORDENADOR DE DEPARTAMENTO
Anexo XI - DOCENTE COM FUNÇÕES DE AVALIADOR - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO COORDENADOR DE DEPARTAMENTO
Anexo XIII - AVALIAÇÃO EFECTUADA PELO PRESIDENTE DO CONSELHO EXECUTIVO
Anexo XV - AVALIAÇÃO GLOBAL DO DESEMPENHO
Anexo XVI - REGRAS PARA APLICAÇÃO DAS PONDERAÇÕES E DOS PARÂMETROS CLASSIFICATIVOS

Como se cria um modelo de avaliação docente?

O responsável da UNESCO, em entrevista ao site EDUCARE.PT, considera que avaliação dos professores é um elemento imprescindível para melhorar a qualidade do ensino. Reconhece que não existem modelos ideais e sugere aos responsáveis portugueses o diálogo com todas as partes envolvidas para que possam chegar a um modelo consensual.
Javier Murillo, coordenador-geral do Laboratório Latino-Americano de Avaliação da Qualidade da Educação da UNESCO, é especialista em Métodos de Investigação e Avaliação em Educação, tendo vindo a especializar-se em questões como a qualidade, eficácia e melhoria da escola e a avaliação de docentes e sistemas educativos. Entende que o principal objectivo da avaliação dos professores é melhorar a qualidade de ensino e considera que um bom sistema de avaliação terá de recorrer a uma variedade ampla de instrumentos e estratégias.
Na conferência internacional sobre a avaliação de professores, que decorreu em Lisboa, este responsável apresentou uma visão panorâmica da avaliação do desempenho docente na Europa e América, fruto de um estudo comparado entre 50 países e 55 sistemas de ensino. A experiência e os factos permitem-lhe afirmar que para evitar problemas entre os profissionais do sector educativo é preciso criar um sistema de avaliação de "qualidade, útil, credível e tecnicamente irrepreensível". E deixa um aviso: "Um sistema de avaliação só servirá se for aceite pelos docentes e por toda a comunidade educativa".

EDUCARE.PT: Qual é a importância da avaliação dos professores?
Javier Murillo: A avaliação constitui um elemento básico de melhoria. Se se pretende melhorar a docência, é necessário ter um sistema de avaliação que ajude os docentes a melhorar as suas práticas. Além disso, nas sociedades democráticas é necessário impulsionar sistemas de prestação de contas sobre a utilização dos fundos públicos. Actualmente é consensual considerar a avaliação dos professores como um elemento imprescindível para a melhoria da qualidade da educação.

E.: Qual é o objectivo da avaliação?
JM: O principal objectivo da avaliação dos professores é melhorar a qualidade de ensino. Paralelamente, a avaliação pode servir também como forma de prestar contas à sociedade e como forma de controlo por parte das administrações.

E.: Quais são as repercussões dessa avaliação?
JM: A repercussão mais importante da avaliação é contribuir para a optimização do trabalho dos docentes, tanto na sala de aula como na escola. Em alguns países esta avaliação tem também repercussões duras para os professores no sentido que afecta as suas condições de trabalho e económicas. É frequente que os resultados da avaliação tenham incidência na carreira profissional dos professores, no seu salário e em alguns benefícios como a concessão de licenças ou a atribuição de cargos em determinadas escolas.

E.: Quais são as características básicas dos sistemas de avaliação de professores?
JM: Tem de ser consensual entre professores e administradores, ser útil, credível, transparente e equitativa, e ter qualidade técnica.

E.: Há um modelo de avaliação ideal?
JM: Não, nem os estudiosos, nem a experiência, nem os docentes ou os responsáveis políticos estão de acordo sobre a superioridade de um determinado modelo face a outro. Cada país deve criar o seu próprio modelo em função das características do seu sistema educativo, dos seus professores e das prioridades políticas.

E.: É preferível uma avaliação externa ou interna?
JM: São ambas necessárias e complementares. A avaliação interna deve ser mais uma parte do trabalho dos professores como profissionais sensatos que procuram melhorar a sua prática. Por outro lado, a avaliação externa introduz elementos de objectividade e contribui para uma melhor avaliação. A avaliação com repercussões nas condições económicas ou laborais dos professores deve ser necessariamente externa.

E.: E qual tem sido a opção?
JM: O preferível é, juntamente com um sistema que apoia a avaliação interna, existir um sistema de avaliação externo no qual também participem os professores implicados.

E.: Com que frequência deverá ser feita a avaliação?
JM: Este é um dos pontos em que não há acordo... Alguns países optaram por avaliações anuais, outros por bianuais ou de quatro em quatro anos. Noutros países ainda a avaliação é feita a pedido do docente, pelo que não existe uma frequência preestabelecida. De qualquer modo, em primeiro lugar, há que ter em conta o custo de fazer avaliações e, em segundo lugar, o que pode interferir no desempenho habitual dos docentes.

E.: A avaliação deve ser voluntária ou obrigatória?
JM: Não há acordo mas penso que o mais razoável é combinar os dois modelos.

E.: A avaliação dos professores deve ser feita separadamente da avaliação das escolas?
JM: Essa é uma discussão interessante. Em alguns países, como por exemplo nos países nórdicos, é assim que se processa. Em todo o caso, aquilo que penso é que não se pode avaliar um professor sem ter em conta o contexto em que se desenvolve o seu trabalho. O desempenho de um docente não será o mesmo numa escola desorganizada, com uma grande quantidade de problemas, ou numa escola sem dificuldades, com bom clima e trabalho de equipa entre os professores.

E.: Acredita que a avaliação dos professores pode ter consequências nos resultados dos alunos...
JM: Esse é um dos objectivos: que a avaliação contribua para melhores resultados por parte dos alunos.
A chave é como consegui-lo...

E.: Que competências deverá ter o avaliador?
JM: Um avaliador deve ter, em primeiro lugar, um bom conhecimento do trabalho do professor em aula bem como possuir uma panorâmica do sistema educativo no seu conjunto. Deve também ter conhecimentos e experiência em avaliação: aplicação de instrumentos, elaboração de relatórios informativos, etc.

E.: Os pais devem participar nesta avaliação?
JM: Porque não? Um bom sistema de avaliação é aquele que utiliza uma ampla variedade de instrumentos e estratégias: portefólio, informações da direcção, questionários de auto-avaliação, questionários a pais e alunos... Aquilo que não faria sentido era uma avaliação baseada fundamentalmente na opinião dos pais.

E.: Que problemas é que a avaliação de professores pode levantar entre os profissionais do sector?
JM: O maior problema é uma rejeição frontal ao sistema de avaliação. Desta forma, a sua aplicação torna-se difícil, ou mesmo impossível, e as suas repercussões negativas.

E.: Como é que isso se pode evitar ou solucionar?
JM: Em primeiro lugar, criando um sistema de avaliação de qualidade: útil, credível e tecnicamente impecável. Em segundo lugar, trabalhando para criar uma cultura de avaliação, através de um modelo mais profissional e menos burocrático onde o docente perceba que a avaliação existe para o ajudar no seu trabalho. E tudo isto, estabelecendo um consenso com os professores e os sindicatos. Um sistema de avaliação só servirá se for aceite pelos docentes e por toda a comunidade educativa.

E.: Qual o papel dos sindicatos?
JM: É fundamental. É preciso trabalhar com os sindicatos para se conseguir um modelo de consenso. Houve algumas experiências de avaliação que arrancaram sem o acordo dos sindicatos e isso acabou por gerar muitos problemas...

E.: O que acha do modelo de avaliação de professores português?
JM: Portugal está a reflectir sobre o seu próprio modelo de avaliação. Acredito que essa reflexão é o melhor caminho para chegar a um sistema que realmente queira melhorar a qualidade da educação em Portugal.

E.: Que sugestões daria aos responsáveis?
JM: Trabalhar muito e dialogar. É preciso negociar com todos as partes envolvidas para alcançar o modelo de avaliação de professores que Portugal necessita.

O funcionamento de outros sitemas de educação

A senhora ministra da Educação, afirma falaciosamente, que esta avaliação é absolutamente necessária para a qualidade do ensino e para a melhoria dos resultados educativos. Vejamos então, alguns exemplos de sistemas educativos, unanimemente considerados mais eficazes que o nosso.

Alemanha
:
- Os professores são avaliados. Têm, de 6 em 6 anos, uma aula (45 minutos) assistida pelo chefe da Direcção Escolar. Essa assistência tem como objectivo a subida de escalão. Atingido o topo da carreira, acabaram-se as assistências e não existe mais nenhuma avaliação.
- A carreira é única, não existe a categoria de professor titular, nem nada semelhante.
- Não existe diferença entre horas lectivas e não lectivas. Os horários completos variam entre 25 e 28 horas semanais, incluindo reuniões e outras tarefas administrativas.
- As reuniões para efeito de avaliação dos alunos têm lugar durante o tempo de funcionamento escolar normal, nunca durante o período de férias.
- Tanto na Alemanha como na Suíça, França e Luxemburgo, durante os períodos de férias as escolas encontram-se encerradas! Encerradas para todos, alunos, pais, professores e pessoal de Secretaria! Os alunos e os professores têm exactamente o mesmo tempo de férias.
- Nas escolas de Ensino Primário as aulas vão das 8.00 às 13 ou 14 horas. Nos outros níveis começam às 8.00 ou 8.30 e terminam às 16.00 ou, a partir do 10º ano, às 17.00.
Total de dias de férias por ano lectivo: cerca de 80 (pode haver ligeiras diferenças de estado para estado).

Suíça:
Tal como na Alemanha, os professores só têm aulas assistidas durante o período de estágio e para subida de escalão. Durante os períodos de férias as escolas encontram-se, como na Alemanha, encerradas. Os horários escolares são semelhantes aos da Alemanha. No início das aulas os alunos cumprimentam o professor apertando-lhe a mão e despedem-se do mesmo modo. Claro que não há 28 ou 30 alunos numa classe, mas no máximo 22.
O telemóvel tem de estar desligado durante as aulas.
É dada grande importância aos trabalhos de casa. A não apresentação dos mesmos implica descida de nota final.
Total de dias de férias: cerca de 72 (pode haver diferenças de cantão para cantão).

Vencimentos:
Na Suíça um professor do pré-primário no topo da carreira recebe 5.200 francos mensais líquidos (cerca de 3.400 euros), quase o dobro de um professor no topo da carreira em Portugal.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Professores avaliados com "Bom"

Enquanto em Portugal continental a ministra da Educação vive dias de grande agitação devido à aplicação do novo sistema de avaliação de professores, na RAM a questão foi resolvida com uma portaria que dá «Bom» a todos os docentes que estejam pendentes de avaliação para evoluir na carreira ou conseguir colocação.
Segundo a Portaria n.º 165-A/2008, de 7 de Outubro, a secretaria regional de educação e cultura «considera classificado com a menção qualitativa de Bom» o tempo de serviço prestado «nos anos escolares 2007/2008 e 2008/2009 para efeitos de avaliação do desempenho dos docentes contratados, de transição ao 6º escalão e progressão na carreira dos docentes do quadro».

Considero esta uma forma eficaz e pacífica de resolver esta situação. Decisões tão relevantes para o sistema educativo, como a avaliação dos docentes, não podem ser tomadas num clima de crispação com os profissionais e de dúvida quanto à eficácia do modelo. Parabéns.

segunda-feira, novembro 10, 2008

Resposta ao Autismo da Ministra da Educação

Cerca de 120 mil professores manifestaram-se durante a tarde de sábado, em Lisboa, contra o actual modelo de avaliação de desempenho, naquela que segundo várias fontes, foi “a maior manifestação de sempre em Portugal”.
A ministra da Educação afirmou, no mesmo dia, em conferência de imprensa, que o processo de avaliação dos professores vai continuar. "Este não é o meu pior dia", referiu, numa alusão à manifestação a decorrer em Lisboa.
Depois da manifestação, a ministra, diria que esta intimidava os professores que estavam a fazer a avaliação...Quais professores? Quantos sobram? Quantos dos que estão a fazer trabalhos de avaliação estão a fazê-lo com gosto?Quantos vieram a público dizê-lo? Quem para além dos membros do governo tem defendido este modelo?
Para além disso, continua a afirmar que os professores não querem ser avaliados, quando os professores e os sindicatos estão cansados de dizer o contrário. Insistir na mentira visa obviamente isolar os professores de qualquer acolhimento junto de outros sectores da população. Esse tem sido um objectivo insistentemente prosseguido.

Neste caso, os professores só poderão endurecer a sua luta. Mas de que forma?
Considero existirem duas hipóteses bastante válidas:

Hipótese A:

Sem medo da opinião pública. Mostrando a todos os portugueses até onde podemos chegar. Dou-a a quem doer. Relembro a situação vivida recentemente com os camionistas, que tiveram de parar o país para que as suas reivindicações fossem encaradas com seriedade. Eles também tiveram quase toda a opinião pública contra, mas avançaram sem medo.
Nesta hipótese terão de ser equacionadas medidas como:
- a não divulgação da avaliação dos alunos no final dos períodos;
- boicote aos exames,
Em suma, impedir que milhares de alunos concluam a sua escolaridade. Pois quando a haste não verga, temos de parti-la!!!!!


Hipótese B:

Trabalhando a opinião publica. Mostrando de forma organizada e profissional os nossos pontos de vista e a razão da nossa luta. Talvez através de uma ideia como esta que me chegou às mãos à poucos dias:

Os professores deviam fazer uma nova modalidade de greve.
Os professores convocam a greve para um dia pré especificado com os objectivos bem definidos. Nesse dia os professores comparecem na escola e dão as aulas normalmente, mas a adesão traduz-se pela compra de insígnias de greve.
A insígnia pode ser um autocolante ou outro qualquer símbolo, que o professor pode utilizar para identificar a sua adesão. Cada insígnia tem o valor monetário equivalente ao que o professor aufere num dia de trabalho.
O produto apurado com a compra dessas insígnias, será utilizado exclusivamente para pagar uma campanha na comunicação social, desenvolvida por uma agência de comunicação (tipo “Cunha Vaz”), com vista a divulgar junto de todos os meios de comunicação social, de forma diversificada, articulada e prologada no tempo, a justeza dos pontos de vista dos professores, relativamente aos objectivos definidos para a greve.

Vantagens desta nova forma de luta:
- A greve não penaliza os alunos e as suas famílias, logo não há “inocentes” prejudicados.- Os professores não podem ser acusados de não quer trabalhar.- Pode ser facilmente quantificada a adesão, pois é possível de ser contabilizada em euros.
- Os órgãos de comunicação social serão os mais interessados em que a greve seja divulgada e tenha adesão, pois é dinheiro que se injecta no sector da comunicação social.
- A mensagem pode ser prolongada no tempo.
- A campanha pode ser contratada em função dos objectivos.
- O governo não poupa dinheiro com a greve.

Talvez seja um método eficaz de combater a propaganda que todos os dias nos entra em casa e de mobilizar a opinião pública, coisa que infelizmente os nossos sindicatos não são capazes de fazer.

sábado, novembro 01, 2008

Maus resultados nos Ranking's


Os resultados obtidos pelas escolas da RAM, em termos de ranking, são anualmente tema de acalorados e muitas vezes demagógicos debates que pouco ou nada contribuem para a resolução do problema. Mas, se alguma entidade estiver interessada em compreender as causas desses resultados, para sobre eles poder agir, pode socorrer-se do conhecimento cientifico sobre esta matéria. Podemos, através de uma constelação de variáveis e de circunstâncias de carácter sociológico e psicológico compreender os factores que influenciam a aprendizagem e o rendimento escolar dos alunos.

Talvez já tivéssemos uma resposta para muitas das questões que colocamos se estudássemos os seguintes factores e variáveis:

- Factores sociais como os hábitos, projectos e estilos de vida no seio da família, a linguagem, as atitudes face ao conhecimento e à escola, as condições de vida (alimentação, vestuário, horários), o acesso a bens culturais como livros, jogos e novas tecnologias, a zona de residência no que diz respeito às condições comunitárias de lazer, serviços e vida associativa.
- Factores directamente relacionados com as dinâmicas internas das escolas e com as políticas educativas, como, por exemplo, a estrutura do currículo escolar, os manuais escolares, os métodos de avaliação, a qualidade dos espaços e dos equipamentos escolares, a formação e a estabilidade do corpo docente, a dimensão das escolas e das turmas.
- As variáveis pessoais dos alunos (motivação, capacidades, atitudes em relação à escola e às aprendizagens).
- As variáveis pessoais do professor (competência científica e pedagógica, personalidade).
- As interacções educativas entre professores e alunos (comunicação, liderança, métodos de ensino e de avaliação).
- O ambiente relacional na escola (relacionamento interpessoal, dinâmica e trabalho em equipa, clima institucional, liderança e coordenação).

Já é tempo de sabermos onde está o problema!!!