Após a adesão de Portugal à CEE (hoje U.E), o país tomou consciência que, pese embora a massificação da educação verificada após o 25 de Abril, possuíamos (e ainda possuímos) níveis de escolarização extremamente baixos.
"Cerca de 3.500.000 dos actuais activos (35%) têm um nível de escolaridade inferior ao ensino secundário, dos quais 2.600.000 (26%) inferior ao 9.º ano. Cerca de 485.000 jovens entre os 18 e os 24 anos (i.e., 45% do total) estão hoje a trabalhar sem terem concluído 12 anos de escolaridade, 266.000 dos quais não chegaram a concluir o 9.º ano."
(Fonte: OECD, Economic Policy Reforms – Going for Growth, 2005)
Este cenário exigia (2005) e ainda exige, basta analisar os números, uma intervenção forte, coerente e de longo prazo, no sentido de facultar aos cidadãos mais e melhor educação.
Contudo, temos assistido, em Portugal, a uma política educativa fundamentalmente quantitativa. Quantitativa, na medida em que, a principal preocupação reside no aumento do número de alunos que concluem o ensino obrigatório e se possível o ensino secundário, tentando aproximar Portugal das médias europeias.
Para tal, temos vindo a baixar os níveis de exigência dos currículos, dos programas, dos requisitos disciplinares e consequentemente dos recursos ao dispor do professor e da escola para formarem cidadãos mais capazes, competentes e conscientes do seu papel na sociedade.
Obviamente, esta política que tem varrido as nossas escolas, só pode culminar com péssimas médias e com um nivelamento por baixo das classificações, quando se exige um pouco mais, como é o caso dos exames nacionais. Resta saber, se com estas facilidades concedidas pelo nosso sistema de ensino, não estamos a hipotecar o futuro destes jovens.
Como será a sua inserção no mercado de trabalho, cada vez mais global e concorrencial?
Cabe a cada um de nós (aluno, pai, mãe, professor, cidadão) reivindicar e contribuir para uma mudança de paradigma na educação do nosso país. Cabe-nos tirar as devidas elações do passado e empenharmo-nos num ensino de qualidade, embora saibamos que este envolve muitas variáveis e que é um processo longo, caro e exigente. Mas só assim, poderemos caminhar de forma sustentada para um futuro melhor para os nossos jovens.
Faço votos para que o novo Estatuto da Carreira Docente, agora aprovado, mas sobretudo a sua regulamentação, que terá forçosamente de ser célere, constitua um verdadeiro incentivo para os professores da região e consequentemente para a qualidade do Ensino Regional. Para já, aguardo pela sua regulamentação para, com mais propriedade e precisão tecer alguns comentários.
Contudo, não posso terminar este comentário sem mencionar o que entendo por ensino de qualidade (já ouvi versões para todos os gostos – ver Nota Prévia).
Considero que um ensino de qualidade deverá passar, necessariamente (ou melhor, num cenário ideal), pelos seguintes aspectos, referidos por Moran (2006, p.12):
"- Organização empreendedora, motivadora e dinâmica. Projectos pedagógicos participativos.
- Docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente. Bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais.
- Relações efectivas entre professores e alunos que permitam conhecê-los, acompanhá-los e orientá-los.
- Infra-estruturas adequadas, actualizadas, confortáveis. Tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas.
- Alunos motivados e preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de autonomia pessoal e de grupo."
Talvez um dia destes me debruce sobre cada um destes itens.
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